• Autenticidade não é tudo isso


    Esse é o título (mais ou menos…) de um artigo recente da revista Fast Company. Tenho dois pontos sobre esta opinião – um a favor, outro contra. Vou começar resumindo o texto rapidamente, porque o meu ponto a favor é que concordo com as críticas que o autor faz em relação ao que se chama normalmente de autenticidade, e porque não funciona. São quatro itens.

    1. Sempre seja honesto – com você mesmo e com outros
      A verdade é que quem tem uma opinião muito positiva sobre si mesmo (mesmo que seja meio abilolada) projeta confiança e tem melhores resultados na prática do que quem tem muita autocrítica. Em relação aos outros é pior ainda: todos sabem que as pessoas preferem que você diga o que elas querem escutar do que aquilo que você acha elas precisam escutar.
    2. Pare de pensar sobre a opinião que os outros têm sobre você
      É muito, muito difícil uma carreira que não dependa dos outros – e os outros vão privilegiar quem elas gostam, de quem têm uma opinião positiva. Quem não trabalha fortemente para causar uma opinião positiva nos outros se dá muito mal, mesmo que depois, lá nas suas memórias, garanta de forma altiva: “Nunca liguei para o que os outros pensavam de mim…” Ah, tá bom.
    3. Sempre siga seus valores e o seu “coração”
      Emoções e impulsos são péssimos guias. Sem falar que a diversidade é cada vez mais importante – como você leva em consideração as opiniões de outras pessoas, especialmente pessoas bem diferentes, se você segue apenas o seu coração? Você está limitando suas opções absurdamente.
    4. Ponha o seu eu “inteiro” pra jogo
      Transparência total no ambiente de trabalho e de negócios é uma péssima ideia. O que funciona é inteligência emocional – saber quais emoções vão ajudar a gente, e quais vão atrapalhar. E saber “ler a sala”, ou seja, quais são as emoções dos outros que estão em jogo.

    Por outro lado (e aí está minha discordância), interpretar um papel, encarnar um personagem, também não dá certo. Ser outra pessoa totalmente diferente cansa demais, em breve o burnout tá batendo na porta. Desde que feito com inteligência emocional, pensando naquilo que é mais efetivo para o resultado que queremos alcançar, quanto mais autenticidade você trouxer, melhor. O relacionamento vai fluir melhor, o resultado será melhor, você não vai sentir aquele esgotamento absurdo de ter que se comportar de uma maneira falsa o tempo todo.
    Um último pensamento: o autor do artigo americano se deu a todo esse trabalho porque não conhece uma expressão muito brasileira, criada exatamente para definir essa autenticidade que é um tiro no pé: sincericídio. Evitando o sincericídio, um pouco de autenticidade mais ajuda que atrapalha.

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